ALDEIA DE GRALHAS!... APROVEITE, E CONHEÇA A HISTÓRIA, USOS, COSTUMES E TRADIÇÕES DESTA ALDEIA DE BARROSO...

- LOCALIZAÇÃO E ESTRUTURA SOCIAL DA ALDEIA


Terra de montanha, muito gado caprino e ovino e de gente dura, a aldeia de GRALHAS, está situada no norte de Portugal, na base sul da Serra do Larouco e ocupa uma área calculada em cerca de 1082 hectares. Dista 9 Kms da vila de Montalegre, sede do concelho, 5 Kms da fronteira com a Galiza e 25 Kms da cidade de Chaves.O seu povoamento é concentrado.
A aldeia encontra-se rodeada de nabais, hortas e lameiros de rega. Neste perimetro, é propriedade exclusivamente privada. Depois segue-se-lhe todo um conjunto de terrenos, também privados, mas misturados com outros de dominio público. Esses terrenos, são chamados de duas folhas (a de baixo e a de cima), uma de batata, outra de centeio, com cultivo alternado.
Antes da intensificação da cultura da batata, uma das folhas, ficava em grande parte, de poulo (pousio). Quase todos os terrenos, envolventes deste segundo perimetro, são de pastoreio colectivo até às sementeiras e posteriores colheitas. Os lameiros são propriedade privada, excepto as «lamas do povo» ou do «boi», como também são conhecidas e que outrora se destinaram à pastagem dos bois do povo.
O monte (baldios) é de pastoreio livre, quer para gado de particulares, quer para os rebanhos comunitários. A povoação, apresenta um modelo consistente, depurado ao longo dos séculos, através de uma economia de subsistência, onde entroncam admiravelmente o privado e o colectivo. Cultiva-se pouco de cada coisa e hoje praticamente, em função das necessidades do agregado familiar.  A terra, não é apenas a propriedade, é mais a extensão vital da corrente sanguínea. Nos dias que correm, a vida da aldeia não é o quadro de felicidade, que ocorre e pode ser apreciado em certas épocas. Ao lado da altura, que alguns chegam a ostentar, moram ainda muitas dificuldades, quantas vezes encapotadas, designadamente, durante o rigoroso inverno, quando o trabalho escasseia. A partir dos anos sessenta, muitos jovens descontentes e ambiciosos, largaram tudo, e meteram os pés a caminho, deslocando-se para as grandes cidades do litoral e mais tarde em muito maior número, para outros países da Europa, designadamente para França. Quatro décadas depois, muitos regressaram e continuaram com a mesma vida. Envelhecidos pelo tempo e pela vida, atravessam ainda hoje a aldeia, atrás das suas vacas, revivendo o passado.
A estrutura social, o papel da propriedade da terra, as casas, as ruas, as fachadas, o modo de vida, o sistema de entreajuda, a noção de tempo, os ritmos da vida, os mitos e os ritos, tudo parece pertencer já a um paraíso perdido. 
(Extracto do livro "Gralhas-Minha Terra, Minha Gente)

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